Arroba: Mais com menos

A pecuária moderna tem exigido, além de maior potencial de produtividade, maior customização dos processos que envolvem os sistemas de produção

Por: Rafael Mazão
Diretor Técnico Dstak Assessoria Pecuária

 

Com um cenário tão promissor para a pecuária de corte, não nos deixemos iludir, a arroba em alta como nunca se viu, porém, com insumos acompanhando aceleradamente. É um alerta!
O real valor de um produto ao final de ciclo, seja o bezerro da cria, da matriz ao descarte ou do boi gordo ao abate, não vem somente do seu alto desempenho, mas, principalmente, do quanto custou para ser produzido. Com isso, importantes ferramentas de seleção têm sido promovidas com a finalidade de identificar os bovinos mais eficientes e que produzem com menor custo de produção. Uma delas vem das avaliações de eficiência alimentar. O objetivo é encontrar animais com Consumo Residual Alimentar (CAR) negativo e que contribuam para reduzir os custos com alimentação, lógico que, mantendo alta eficiência em desempenho para ganho de peso e rendimento de carcaça.
O impacto que a eficiência alimentar tem dentro de um sistema de produção é enorme, ainda mais considerando que a alimentação do gado representa um custo total entre 70 e 90%. Animais que demandam menos alimento nas suas várias etapas proporcionam maior lucratividade no fechamento das contas, exatamente no item mais pesado da produção. O impacto é muito grande. Qualquer incremento justifica todo o investimento nas avaliações. Trata-se de uma característica que possui herdabilidade de moderada a alta. Isso significa que ela responde aos esforços de seleção, ocorrendo progresso genético de geração para geração. As provas normalmente têm duração entre 56 e 70 dias, em alguns casos com variações, teste nos sistemas de cocho Growsafe ou Intergado, sistemas que monitaram desde o consumo de alimento e de água individualizado diário, ganho de peso, número de vezes que foram ao cocho ou isenção à eles, um monitoramento on line, por sistemas vinculados à softawares que geram relatórios diários e ao final de cada prova. Paralelamente, a Associação Nacional dos Criadores e Pesquisadores (ANCP), pioneira junto às provas no Brasil, incorporarou DEPs dessa característica em seus sumários. Certamente, buscamos os animais com maior potencial genético de consumir menos alimento, desde que sejam muito eficientes para ganho de  peso, pois é explícito para nós o quanto são “potencializadores” de maior retorno financeiro. Várias importantes instituições de pesquisas vêm analisando ano a ano inúmeros animais zebuínos de corte, Nelore em quase a totalidade dos experimentos, dentre elas a Embrapa, a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e a Fazu, em Uberaba. Os resultados da prova realizada na UFU, no final de 2020, com machos da raça Nelore com idade entre 10 e 12 meses, de um mesmo selecionador, e supervisionda pela Dra. Carina Ubirajara Faria, umas das grandes especialistas brasileira nesta seleção, nos permitiram chegar à alguns dados econômicos pertinentes para conclusões otimistas

como segue nas três tabelas à seguir.

 

Nesta referida prova, os animais apresentaram ganho de peso médio diário (GMD) de
1,538kg, com ingestão de matéria seca (MS) média de 7,88kg/ dia,
sendo a ingestão mínima de 5,97kg/dia e a máxima de 9,22kg/ dia. A
conversão alimentar média registrada foi de 5,2kg dieta/kg ganho de
peso, enquanto a mínima ficou em 3,9kg dieta/kg ganho de peso e a
máxima de 6,2kg dieta/ kg ganho de peso. O consumo alimentar
residual (CAR) mínimo ficou em -1,327kg MS/dia e o máximo em
0,782kg MS/dia. Em sistemas de terminação intensivo, sabemos
que o maior custo de produção vem da alimentação e dos animais
menos eficientes. Com isso, buscamos potencializar através da
seleção animais com maior eficiência alimentar e melhor
capacidade de ganho de peso e rendimento de carcaça.
Vejo claramente que a pecuária eficiente vem de duas vertentes, a
fêmea mais produtiva é aquela que tem seu primeiro produto até 24
meses de idade, e sempre desmamando pesado anualmente uma
cria, e o macho mais eficiente é aquele que tem menor custo porarroba de carne produzida ao ser abatido até dois anos, com
desempenho mínimo para 21@ e 57% de rendimento de carcaça.
Produzir mais arroba com menor custo é o caminho!

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