Brahman: uma raça de contribuição universal

Saiba como surgiu o Brahman brasileiro e como ele vem sendo utilizado
para melhorar a produtividade de rebanhos de corte em vários países.

 pesar de concorrentes no mercado internacional, os maiores produtores de carne bovina do mundo, Brasil, Austrália e Estados Unidos têm um fato em comum que viabiliza o crescimento da pecuária de corte: o gado zebuíno. São países que se tornaram referência na seleção do Brahman e hoje têm forte demanda pela genética da raça. E com a pecuária de corte aquecida em 2020, a necessidade de touros melhoradores Brahman para uso em cruzamento só aumenta. Na Austrália, por exemplo, cujo rebanho vem sendo reduzido este ano por conta da forte seca, a valorização da raça cresceu.  

Segundo a Associação Australiana de Criadores de Brahman, os criadores da raça alcançaram um aumento de quase 30% no valor dos touros vendidos em leilões em 2019. 

No Brasil, o mercado de genética também segue firme neste segundo semestre de 2020, com o produtor mais capitalizado e disposto a investir mais em touros melhoradores, visando a produção de carne para os  mercados interno e externo. “Como a raça Brahman tem como principais características a precocidade e a grande adaptabilidade é muito indicada para os cruzamentos. São animais equilibrados, com musculatura forte, altamente produtivo e correto nas suas características morfológicas, permitindo assim eficiência produtiva, reprodutiva e longevidade, em todos os sistemas de produção”, destaca o presidente da Associação dos Criadores de Brahman do Brasil (ACBB), Paulo Scatolin.

O presidente lembra que essas são características que vêm sendo trabalhadas desde a formação da raça, ainda no século passado. Os primeiros cruzados que deram origem ao Brahman utilizaram, principalmente, Guzerá, Gir e Nelore, além de Indubrasil e Krishna Valley. 

O Brasil teve grande contribuição nesse processo de formação do Brahman americano. As exportações organizadas por Pedro Marques Nunes, do Rio de Janeiro, e pelo Herd Book Zebu de Uberaba, de 1923 a 1925, levaram 85 exemplares Nelore e Guzerá para o México. De lá, em 1924, muitos animais foram levados para os Estados Unidos. “A importação do Brasil aumentou o interesse pelo Brahman devido à excelente qualidade dos animais brasileiros. Eram grandes, musculosos, sólidos indivíduos, embora fossem uma mistura de sangue indiano, com nítida preferência de Guzerá, com alguma evidência de Gir e Nelore.”, conta o O cientista A.O. Rhoad, então diretor da New Iberia Livestock Expermiment Station, no estado da Louisiana, no livro “American Brahman – A History of The American Brahman”.

Dos Estados Unidos, o Brahman espalhou-se pelo mundo, estando presente atualmente em mais de 70 países. “Hoje a raça é a base para o cruzamento industrial e da formação de raças compostas com maior sucesso na pecuária mundial de corte e também para leite. No Brasil, o cruzamento com outros zebuínos e com taurinos também é altamente valorizado”, explica o presidente da ACBB.

Brahman brasileiro – A entrada oficial do Brahman americano no Brasil ocorreu em 1994, mas as negociações para a importação iniciaram anos antes. Na gestão de Heber Crema Marzola à frente da ABCZ, entre 1990 e 1992, foi apresentada ao Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento a proposta de importação, que foi aprovada. E em 1993, o criador Manoel Campinha Garcia Cid, o Neco,  encabeça as iniciativas para a entrada oficial do Brahman no Brasil, fundando a Associação Brasileira dos Criadores de Brahman (atual ACBB), entidade da qual foi presidente. Já o presidente da ABCZ da época, Rômulo Kardec de Camargos, assina o protocolo visando a importação do Brahman.

Em fevereiro de 1994, o Ministério da Agricultura autorizou a abertura do livro de Registro Genealógico da raça. Os primeiros lotes chegaram por aqui um mês depois e foram importados pelo criador Rubens Andrade Carvalho, o Rubico. O touro JJ Ring Didor 398/1 foi o primeiro animal a pisar o solo brasileiro, desembarcando no Aeroporto de Viracopos, em Campinas/SP.

Em abril de 1994, na Exposição Agropecuária de Londrina, ocorreu a primeira mostra da raça e o primeiro leilão. Um mês depois, o Brahman estreava com grande repercussão na 60ª ExpoZebu. JJ Ring Didor 398/1 e Remansada 222 entraram para a história como os primeiros grandes campeões Brahman da ExpoZebu e receberam as marcações de número 1 no Livro de Registro da ABCZ.

Nesses 26 anos de Brasil, o Brahman vem sendo lapidado pelas mais modernas ferramentas de seleção, com forte participação nas provas zootécnicas onde vêm comprovando ter alta velocidade de ganho de peso e excelente acabamento de carcaça. Docilidade, aprumos fortes, fertilidade, longevidade, habilidade materna, facilidade de parto, eficiência alimentar são outros pontos fortes da raça. “O Brahman brasileiro vendo sendo utilizado para melhorar a qualidade do rebanho de vários países, por apresentar excelente conformação e ótimo desempenho no sistema de produção a pasto e também em confinamento”, finaliza o presidente da ACBB.

 
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