Caminhos da Cria Eficiente

Técnico

mercado tem sinalizado bastante quanto à valorização da atividade de cria. Analisando as grandes regiões produtoras de bezerros do país e, detentoras dos maiores rebanhos de matrizes (MT, GO, MS, MG e PA), algumas variáveis tornam este cenário cada vez mais sólido, principalmente por dois motivos: acentuado número de abate de fêmeas e demanda por bezerros de qualidade por grandes projetos “invernistas” ou confinadores. Com isso, o selecionador da cria está com todos os motivos para investir nas matrizes afim que produzir bezerros cada vez melhores.
Por outro lado, objetivando maior rentabilidade nos sistemas de produção e menor intervalo para retorno quanto ao investimento, o “invernista” sabe que o bezerro “diferente” é investimento certeiro.
Entre o período de 1998 à 2018 analisando o percentual de machos abatidos acima de 36 meses, que representava 50,2% e passou para 5,6% respectivamente, conforme dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne – ABIEC em 2019, nos evidencia claramente que o melhoramento genético proporciona aumento da velocidade ao abate, principalmente quando em harmonia com todo os demais processos de produção (nutrição, sanidade, ambiência e manejo).
Vale lembrar a ganância da indústria e do mercado interno e externo que requer cada vez mais carne de animais jovens. A seleção de matrizes e a escolha dos touros para promover o melhoramento genético do rebanho é uma tarefa que deve ser cumprida à risca. Criar somente não basta, selecionar vai mais além.
Na cria, a conta sempre deve ser: quilo de bezerro desmamado por vaca exposta na reprodução por hectare.
Identificar e potencializar os fatores que mais impactam no sistema de cria, implica em maior desfrute e rentabilidade. Buscamos fêmeas precoces, produtivas, longevas e que, quando forem ao descarte após terem “pago a conta na fazenda”, deixem pelo menos três produtos até os seis anos de idade, que proporcione pelo menos 16@ com 51% de rendimento de carcaça.
Partir do modelo tradicional que só retém matrizes gestantes e descarta mães de “guachos” ao final da estação de monta e ir além à busca de maior produtividade, requer ferramentas e critérios de seleção mais rígidos.
Impreterivelmente manter no rebanho somente matrizes que deixam um produto com intervalo de 12 meses.
Que desmame pesado, com relação ideal do peso da cria para matriz de 50%.
Sistemas que proporcionem a precocidade sexual! Ou seja, as primíparas contemporâneas dos “bois” que serão abatidos até dois anos vão deixar seu produto “ao chão” na mesma idade, eliminaremos a atividade de recria das fêmeas, estamos objetivando a reposição somente com fêmeas desmamadas da geração que ficarem gestantes precocemente, as demais serão descartadas do rebanho de cria.
Potencializar a fertilidade também através da seleção das fêmeas que depositam gordura subcutânea mais precocemente, mensuração realizada de forma objetiva por ultrassom, identificando no rebanho os animais melhoradores para esta característica importante que está correlacionada diretamente com a precocidade sexual, além de matrizes com maior reserva e consequentemente maior adaptação à sistemas ou períodos adversos.
Enxergamos além atualmente, até o tempo de gestação faz a diferença nos sistemas de cria. Devido as matrizes zebuínas com gestação mais alongadas em relação às taurinas, o menor tempo de gestação proporciona entrada mais rápida na próxima estação de monta, objetivando um produto por vaca por ano em estação de monta curta, o risco de descarte fica reduzido por este fator.
E já que falei ali acima sobre gestação. Vale lembrar também quanto à enorme importância para os cuidados nutricionais nas matrizes gestantes. Estudos recentes (programação fetal) apontam que a nutrição adequada das matrizes durante o primeiro e segundo terço de gestação é fundamental para o desempenho da cria, impactando desde ao peso a desmama, também na fertilidade e até peso ao abate. Principalmente durante o segundo terço de gestação, onde finaliza a segunda onda de crescimento da estrutura muscular do feto.
E que ótimo que temos os programas de melhoramento, além de tudo para “apontar” os reprodutores que mais impactam no ganho genético e financeiro dos sistemas. Ainda mais agora com Dep’s genômicas fortalecendo ainda mais a base genética e aumentando a confiabilidade dos animais jovens. Estando aliados aos critérios de seleção fundamentais nas rotinas da cria, devemos “usar e abusar” destas importantes ferramentas.
Uma vez que queremos produzir o bezerro mais produtivo e a fêmea mais eficiente, as Dep’s nos auxiliam muito nas escolhas dos reprodutores que farão parte do plano genético da estação de monta que há de vir.
Então, creio que agora está fácil pensar no perfil genético do reprodutor que mais impacta na cria depois dessa nossa “prosa”.
Olha só:

Visando Fertilidade:
• Dep Stay – Percentual das matrizes que deixam 3 produtos até os 6 anos de idade;
• Dep 3P – Percentual de novilhas que vão parir precoce;
• Dep PG – Número em dias da diferença do período de gestação, indicador ideal sempre negativo.

Visando Característica Maternal:
• Dep MP120 – Peso à idade materna (aos 120 dias de vida da cria), onde analisamos a habilidade materna.

Visando Características de Peso:
• Dep P210 – Peso à desmama;
• Dep P450 – Peso na recria, ao sobre ano.

Visando Característica de Acabamento de Carcaça:
• Dep ACAB – Deposição de gordura subcutânea, grande aliada à reprodução e precocidade sexual.
Lembre-se amigo pecuarista, os reprodutores e os programas de melhoramento genético são “as ferramentas”, as matrizes são “nossa fábrica”, dependemos delas para a eficiência do sistema de cria ao ciclo completo o uso da seleção e das tecnologias impedem que deixemos “nossa fábrica sucateada”, e nos possibilita maior rentabilidade e maior desfrute.

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