TRANSIÇÃO ÁGUAS-SECA

MOMENTO DE ATENÇÃO PARA A NUTRICIONAL E SANIDADE DO REBANHO

Por: MARCUS REZENDE
Médico Veterinário, Mestre em Ciência Animal
Gerente de Trade Marketing na Sumitomo Chemical
Insta: @marcus.rezend      LinkedIn: @marcusrezende

 

Com um sistema predominantemente baseado na criação a pasto, a pecuária brasileira depende da produção de forrageiras para alimentação dos rebanhos. No entanto, é sabido que tanto a quantidade, quanto a qualidade das forragens varia de acordo com as estações do ano, com maior ou menor intensidade, dependendo da região do país.
No período de águas há maior oferta de forragens, que além de abundantes são, de modo geral, mais tenras e com melhores valores nutricionais. Já na estação seca, as forragens têm uma queda abrupta na disponibilidade, valor nutricional e digestibilidade, exigindo do pecuarista uma rigorosa estratégia de suplementação para que os animais não percam em produtividade.
Mas nem tudo são espinhos; entre uma estação e outra há um período que chamamos de “transição águas-seca” e que favorece a adaptação entre uma e outra estação do ano. Nesse período, que no centro-oeste, parte do norte e sudeste do Brasil envolve os meses de abril a junho, o produtor deve modular a adaptação da microbiota ruminal do seu rebanho para um novo momento, a estação seca. O suplemento usado nas águas deixou de ser ideal, o suplemento nutricional da seca ainda não é indicado. Esse é dilema desse período que envolve abril a maio exige uma dieta de transição bastante ajustada para fornecer aos animais os micronutrientes necessários para que os microrganismos do rumem se adaptem gradativamente à forragem de mais difícil digestão e diferente teor nutricional característico da estação seca. Essa adaptação, negligenciada por muitos, pode ser a chave para manter os animais ganhando peso mesmo durante o período de estiagem.

 

SANIDADE

 

A estação seca não traz consigo somente desafios nutricionais, mas também desafios sanitários. Mas, como mais antigos já diziam: a saúde entra pela boca; mas algumas doenças também podem ter o mesmo acesso! E na época seca dois importantes riscos sanitários ganham destaque: botulismo e as verminoses.

Por: MARIANA AZENHA
Zootecnista, Doutora em Produção Animal

Botulismo

O botulismo é resultado da ingestão da toxina botulínica. Essa toxina pré-formada pode estar presente na carcaça de animais deixadas nos pastos ou em cacimbas e açudes. Como na estação chuvosa esses reservatórios estão cheios; caso exista alguma carcaça liberando toxina botulínica, essa toxina estará diluída em um grande volume de água, não causando danos aos animais. No entanto, conforme a água vai secando, a toxina vai sendo concentrada até um nível que pode se tornar letal os animais. Por isso a atenção para a vacinação contra botulismo já na “pré-seca”.
A vacina não vai garantir 100% de proteção, nenhuma vacina garante; mas vai elevar os níveis de tolerância do animal à toxina botulínica, minimizando a letalidade caso o contato venha acontecer. Por se tratar de uma enfermidade dose-dependente, além da vacinação é também importante adotar medidas que minimizem o contato dos animais com a toxina botulínica, como a catação de carcaças deixadas nos pastos, limpeza das cacimbas e bebedouros.

Verminoses

 

A desverminação na entrada da seca tem dois objetivos: 1º eliminar os parasitos dos animais e permitir que eles entrem na estação mais hostil sem nada que os espoliem. 2º evitar a reinfestação da pastagem. Justamente por isso que esse é o momento ideal para lançar mão de endectocidas concentrados e/ou combinação de ativos que, se com longo período de ação, vão eliminar os parasitos contidos nos animais, bem como aqueles ingeridos no pastejo até o início da estação seca. Deve-se, no entanto; cuidar para os animais destinados ao abate nos próximos seis meses. Esses animais não podem receber produtos concentrados, sob o risco de não poderem ser abatidos graças ao residual dos produtos na carcaça. Para animais em engorda, há boas opções de produtos com residual dentro das especificações exigidas pelo MAPA.

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